quarta-feira, 8 de março de 2017

José Genoíno: Não podemos esquecer.



Por Maria Eduarda Cardoso

Uma das mais importantes e combativas lideranças da esquerda brasileira e do Partido dos Trabalhadores, José Genoíno está ausente da cena política brasileira. Militante histórico do PT e deputado federal por vários mandatos foi líder estudantil, integrando a UNE (União Nacional dos Estudantes) e, em 1968 ingressou no Partido Comunista Brasileiro (PC do B), que era oposição ao governo militar. Em dezembro de 1968, com o AI-5, mudou-se para São Paulo, passando a viver na clandestinidade. Em 1970 foi para o interior do Pará, com o objetivo de lutar na guerrilha do Araguaia, uma das mais importantes ações de resistência ao regime militar. Em 1972 foi capturado pelo exército e passou 5 anos na prisão.Foi anistiado em 1979 e participou da fundação do PT, partido pelo qual foi eleito deputado federal por São Paulo entre 1982 e 2002.
O escândalo do mensalão é o divisor de águas na trajetória política de José Genoíno. Condenado por ter assinado ofício relacionado ao esquema de corrupção, enquanto era presidente do partido, Genoíno renunciou à presidência do PT e, em 3 de dezembro de 2013, renunciou ao cargo de deputado federal para não ser cassado. Condenado e preso pelo Supremo Tribunal Federal, em um julgamento que sofreu graves críticas de juristas apartidários e consagrados, Genoíno foi vítima de um massacre midiático sem precedentes, de sérios problemas de saúde e do ódio ao PT que, desde então, só se aprofundou e tomou dimensões fascistas.
Último ministro da justiça, da presidenta Dilma Roussef, e subprocurador-Geral da República,Eugênio Aragão afirma que a trajetória de José Genoíno é "de muito amor pelo País, em prol da justiça social, das políticas inclusivas e da grandeza do Brasil no concerto das Nações. Poucos brasileiros exerceram tanto o patriotismo sincero, inclusive com elevado risco e sacrifício pessoal, como José Genoíno, pessoa correta e moralmente irretocável". Aragão ainda acrescenta "Tenho certeza que a história lhe fará justiça que estes tempos de crise e desamor com o avanço social lhe negam".
O grande intelectual Antonio Candido, em carta a José Genoíno, declara "os que te conhecem nunca tiveram um minuto de dúvida quanto à sua integridade de caráter e quanto à limpidez de sua trajetória de vida".
A exclusão de José Genoíno ocorreu em 26 de julho de 2016, fato publicado no Diário Oficial da União em 18 de agosto de 2016. 
Recuperar um pouco da história desse grande brasileiro que é José Genoíno e a injustiça que sofreu é revelar a trajetória de luta da esquerda brasileira, é denunciar a perseguição implacável ao PT e aos avanços sociais conquistados pelos governos Lula e Dilma.